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O dialeto caipira é um dialeto da língua portuguesa falado pelo caipira no interior do estado de São Paulo e em parte dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Difere acentuadamente do idioma padrão brasileiro em sua estrutura fonológica, sendo algumas características “r” retroflexivo, a ausência de consoantes laterais palatais (lh), que são permutadas pela semivogal “i”, a permutação do “l” de fim de sílaba por “r” (retroflexivo), a ausência dos ditongos “ei” e “ou” (substituídos por “e” e “o”), a apócope ou síncope em palavras proparoxítonas e a aférese em muitas palavras. Possui numerosas expressões próprias, e, ao contrário do que acontece com a língua padrão do Brasil e de Portugal, o plural só é indicado em um substantivo ou adjetivo quando este não é determinado por um artigo, ex.: singular: casa; plural: casas; singular: a casa branca, plural: as casa branca.
DialetosPossui morfologia e sintaxes próprias.Pode ser dividido em quatro subdialetos:
- O primeiro, falado na região sul do estado de São Paulo (região de Sorocaba e Vale do Ribeira), caracteriza-se pela marcação do “e” gráfico sempre pronunciado como fônico. Assim, palavras como “quente” e “dente” possuem o “e” átono pronunciado como /e/ e não como /i/, comum no português padrão do Brasil. Essa é também uma característica do português falado na região de Curitiba, no Paraná.
- O segundo subdialeto é das regiões do Alto Tietê (Jundiaí, Campinas, Piracicaba, Americana, Limeira, Rio Claro, Jaú, São Carlos, Araraquara) e do Vale do Paraíba (São José dos Campos, Taubaté, Guaratinguetá). Caracteriza-se pelos erres retroflexos inclusive em início de sílaba (como em caro, parada) e em dígrafos (frente, crente). Caracteriza-se também pela não-palatalização dos grupos “di” e “ti” fônicos.
- O terceiro subdialeto compreende as regiões norte e noroeste (Ribeirão Preto, São José do Rio Preto) e oeste (Araçatuba, Presidente Prudente, Bauru, Marília) do estado de São Paulo, além de parte do estado do Paraná. Caracteriza-se pelos erres retroflexos só em corda vocálica (final de sílabas), tais como em “porta”, “certo”, “aberto” e palatização dos grupos “di” e “ti” fônicos.
- O quarto grupo corresponde o Triângulo Mineiro e estado de Goiás. Compreende um subfalar com pronúncia tais como o grupo três e com ritmo típico do dialeto mineiro, com elevação do tom nas sílabas tônicas.
Algumas diferenças entre a fala caipira e a norma culta
norma culta | dialeto caipira |
nós (1ª pess. plural) | noi |
alfinete | arfinêti |
falso | fárso |
melhor | miór |
os calmantes | us carmânti |
alvorecer | arvorecê |
você | ocê |
nós fomos | noi fumo |
nós voltamos | noi vortêmu |
Corinthians (clube) | Curíntia |
Palmeiras (clube) | Parmêra |
cigarro de palha | cigarro de páia, picadão |
fósforo | fósfiro, fosfro, forfro… |
Morfologia
Artigos
- Definido: u, a, uz, az
- Indefinido: um, uma, unz, umaz
No dialeto caipira o artigo que determina o número, permanecendo o substantivo inalterado.
Referências
- AMARAL, Amadeu. O dialeto caipira. São Paulo: HUCITEC, 1976.
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